Como as empresas desencorajam a criatividade


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Entendo criatividade como a habilidade inata para gerar novas ideias.

E olha que não estou sozinho nessa crença: “Nascemos originais, mas morremos cópias” é uma clássica frase de Carl Jung, que ilustra seu pensamento sobre o processo de distribuição da criatividade ao longo da vida.

Vale lembrar que o simples pensamento de gerar uma ideia nova já é, em si, um movimento de risco. Contar suas novas ideias para outras pessoas é um movimento ainda mais arriscado.

O pensamento desencantado de Jung pode ser explicado com a seguinte situação:

Vamos supor que um colaborar recém-contratado esteja muito motivado com o novo emprego. Sua cabeça explode com novas ideias, o tempo todo ele vê oportunidades de aperfeiçoamento. De repente, sua mente foca em um processo de que todas na empresa se queixam.

À noite, em casa, ele pesquisa, identifica a raiz desse problema, percebe que pode dar à empresa uma enorme contribuição, rascunha um projeto para solucionar o problema e, na reunião mensal de resultados, pede a palavra e corajosamente o apresenta.

Você acha que uma ideia de um novato seria aceita? É claro que não.

Apesar de não ter sido analisada, e de ninguém sequer considerar a hipótese de estudar a solução apresentada, ela é criticada e recusada. O novo colaborador se sente menosprezado.

No mês seguinte, continua interessado em contribuir ainda está motivado, mas não tanto quanto nos primeiros dias.

As novas ideias continuam vindo, mas já não jorram

No final do mês, há uma nova reunião de resultados; o colaborador foca em outro problema, apresenta nova contribuição, desta vez menos empolgado. A situação se repete: ideia não é aceita.

Ninguém pensa em quanto tempo ele gastou no desenvolvimento da solução, ninguém faz perguntas para entender melhor seu ponto de vista.

No terceiro mês, ele está igual aos outros. Apenas engajado. Já aprendeu a ver os problemas da empresas como “normais”. Se na sua cabeça surgir uma ideia nova aqui e outra ali, ele não a apresentará na reunião.

Comparece, entra quieto e sai mudo, não tem mais interesse em contribuir. Na próxima, talvez ele já tenha aprendido a reclamar dos processos sem se preocupar em buscar soluções. E, um ano depois, vai recusar as ideias de um novato porque ele “ainda não conhece bem a empresa”.

O desaparecimento de novas ideias nas empresas não ocorre por acaso. É resultado de um processo de destruição sistemático e eficiente que pode começar com a forma pela qual o colega ao lado reage a uma ideia nova, passa pela maneira como os demais participantes das reuniões recebem qualquer proposta de mudança e termina com a atitude do líder diante de novas ideias.

Ideias são como sementes

Elas precisam de solo, água, nutrientes e sol.

Precisam de um ambiente propicio para germinar. Tal local, numa corporação, é um ambiente livre de criticas onde a menta se sinta segura parasse expor e possa assumir riscos.

Ideias seguras, sem riscos, são ideias comuns e dificilmente trarão contribuições relevantes. Sem que os riscos sejam aceitos, não há como ter novas ideias.


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Sobre Diego Andreasi 427 Artigos
Direto do interior de São Paulo. Já trabalhei como gestor nas áreas de tecnologia e indústria, e hoje sou gerente de uma Incubadora Tecnológica, além de Professor de disciplinas ligadas a Administração. Viciado em livros e torcedor do São Paulo Futebol Clube, há 10 anos criei a marca Jovem Administrador, e desde então venho tentando trazer mais informações aos Administradores, seja escrevendo textos ou divulgando outros materiais sobre nossa profissão. Em 2015, escrevi o meu primeiro livro "O Manifesto de um Jovem Administrador", que já está em sua 2º edição, tendo vendido quase 2 mil exemplares.

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