Enfim, qual é o seu talento?


Calma, caro leitor, se você não conseguiu responder a essa pergunta com a mesma presteza com que diria qual seu time do coração ou qual seu estilo preferido de música, não significa que você não seja uma pessoa talentosa.

Este é um assunto que exige atenção, e noventa por cento das pessoas não teria a resposta da ponta da língua.

Mas é algo a se pensar, pois em uma sociedade que se acostumou a valorizar as pessoas talentosas, e em que as empresas dizem que dedicam a atrair, desenvolver e reter talentos, parece não identificar em si mesmo um talento especial transformou-se em uma espécie de pecado capital.

Para desmitificar este assunto é útil lembrar alguns princípios:

  • Ter talento não significa nascer com uma inteligência superior, uma habilidade artística ou uma qualidade única.
  • Talento não é dom, não nasce com a pessoa, e sim é desenvolvido com a prática, o que demanda tempo e persistência
  • Todas as pessoas têm a capacidade inata de aprimorar-se, tornar-se muito bom em algum tema ou atividade a ser, então, considerado um talento.
  • Encontrar seu próprio talento depende em parte das oportunidades da vida e em parte da determinação pessoal
  • No mundo do RH, é chamado de talento aquele profissional que, apesar de ter bom desempenho, não se acomoda e continua em busca de mais aprendizado e aprimoramento
  • Talento é a capacidade de fazer bem feito um trabalho, aprender com relativa facilidade um assunto e, acima de tudo, sentir prazer em fazer o que faz.

Portanto, ser um talento está mais voltado para campo das escolhas pessoas do que do determinismo do destino.

O tempo e o talento

É praticamente impossível não ser considerado um talento após dedicar parte de sua vida a um trabalho com empenho, determinação e afeto.

Se você ainda não encontrou seu talento, deixe que seu talento encontre você. Dê-lhe uma oportunidade. Ele pode estar camuflado em qualquer trabalho que seja digno e que lhe dê a sensação de estar sendo útil.

Um trabalho que dá sentido à vida é mais do que um trabalho, é uma missão, e é também a proteína que formará corpo ao seu talento adormecido.

Entregar resultados e vontade de aprender

Conversei com um diretor de Recursos Humanos muito respeitado no mercado sobre esse assunto. Ele é conhecido por gostar de se envolver com os processos seletivos de executivos da empresa. Quando lhe perguntei o que ele valorizava nos candidatos, ele me respondeu sem titubear:

– São duas variáveis: capacidade de entregar resultado e vontade de aprender permanentemente.

Campeão de assertividade, esse diretor. Ele sabe que a empresa vive de resultados, mas está interessado em resultados sustentáveis e crescentes, e isso só se consegue com gente que está evoluindo sempre.

Por isso o desejo genuíno de aprender passou a ser uma qualidade desejada no mundo corporativo.

Em função de visões como esta é que as empresas estão virando escolas, sim, mas há uma diferença entre elas e a faculdade que você acabou de cursar.

Lá havia um professor, alguém especializado em ensinar, que compartilhava com você a responsabilidade por sua função. Na empresa essa responsabilidade está muito mais colocada sobre seus ombros.

Se as empresas apreciam quem quer aprender, têm especial predileção por quem não espera que alguém venha ensinar. Aprender é seu oficio.

Nesse sentido, a curiosidade, a inquietação intelectual, a busca do conhecimento passaram a ser características apreciadas, pelo menos nas empresas bem geridas.

Considerando o que disse o diretor, temos duas variáveis, portanto são quatro as possibilidades.

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Vejamos:

  • Quem tem baixo desempenho e grande vontade de aprender é um potencial – a empresa investe.
  • Quem tem bom desempenho, mas perdeu a vontade de aprender está acomodado – a empresa se preocupa.
  • Quem tem desempenho alto e grande vontade de aprender é um talento – a empresa reconhece e quer reter.
  • E quem tem baixas essas duas variáveis não tem mais espaço – a empresa elimina.

Está é uma planilha muito útil, especialmente para os líderes de equipes, mas também apara quem está construindo uma carreira e não quer vacilar.

Perceba que no mundo dos recursos humanos, ser um talento não significa ter uma habilidade especial, um dom artístico ou uma inteligência superior.

Ser um talento significa ser possuidor da combinação entre o desempenho e o desejo de aprender e evoluir.

Ser um talento, portanto, é uma questão de vontade.


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Sobre Diego Andreasi 427 Artigos
Direto do interior de São Paulo. Já trabalhei como gestor nas áreas de tecnologia e indústria, e hoje sou gerente de uma Incubadora Tecnológica, além de Professor de disciplinas ligadas a Administração. Viciado em livros e torcedor do São Paulo Futebol Clube, há 10 anos criei a marca Jovem Administrador, e desde então venho tentando trazer mais informações aos Administradores, seja escrevendo textos ou divulgando outros materiais sobre nossa profissão. Em 2015, escrevi o meu primeiro livro "O Manifesto de um Jovem Administrador", que já está em sua 2º edição, tendo vendido quase 2 mil exemplares.

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